Hoje é dia dois de janeiro e eu preciso começar a cumprir a resolução de ano novo de todo ano, que é a de escrever mais (quem sabe esse ano vai). Pensei que seria uma boa oportunidade de perguntar como vocês passaram esses dias de puro derretimento entre dezembro e janeiro e também de fazer uma prestação de contas informal da firma no último ano.
Janeiro foi, como todo janeiro, um mês tranquilo – mas teve gastos, reajustes e apreensão financeira geral, porque a vida do empreendedor é feita de vários tipos de apreensão. Passei tempo em Itaiópolis, aproveitei para repor o estoque das bases de madeira e apreciei o talento do meu sobrinho Antônio, que montou robôs com as bases de madeira e fez alguns desenhos que transformei em carimbo.
Em fevereiro, teve um pião em São Paulo, com entregas e reposição em pontos de venda como a Banca Tatuí. Fevereiro marca também o aniversário da empresa – comemoramos 5 anos de Burocrata e a ideia era ter festa, promoção, o escambau, mas o que deu pra fazer efetivamente foi esse carimbo com um selo comemorativo:
Em março (ou foi em fevereiro?) comecei a frequentar a Oficina de Gravura do CIC, com o mestre Bebeto, aqui em Florianópolis. A xilogravura estava no radar desde o fim de 2019, mas a pandemia no meio do caminho não me permitiu começar antes. Além de ser um processo de impressão próximo do carimbo, a técnica é uma doideira porque inverte totalmente a ordem com a qual estou acostumada no desenho. Isso porque desenhando, você adiciona cores, traços e volumes numa página em branco – mas numa xilogravura você precisa tirar as coisas, escavando para formar a imagem. Parece simples, mas dá um nó na cabeça (um ótimo nó). Além disso, tem muita referência legal que funciona como inspiração para ex libris.
Abril foi um mês de apreensão financeira inesperada – março já tinha sido lento nas vendas, impressão compartilhada com outros produtores na época e que talvez fique na conta da reabertura pós-vacina (parecia que todo mundo tava gastando mais em rolês mesmo). No fim, deu pra segurar as pontas, mas muita coisa ficou ameaçada no processo e, se possível, não gostaria de repetir a dose. Uma coisa boa do mês foi desenhar carimbos de doguinhos – sempre uma chance de ficar olhando para as fotos dos pets dos outros por várias horas e um carimbo cujo resultado fica bem bacana. Dois desses desenhos, da Aurora e do Lupe, viraram rótulo para personalizar as cervejas do casamento do maravilhoso casal Tamara e Lucas (ela, aliás, faz as belas fotos que aparecem nas nossas redes). Eles ainda me deram a chance de ser a celebrante do casamento, uma das coisas mais legais que me aconteceram no ano.
Maio foi um mês muito bom. Teve feira Motim e foi o debut da Burocrata em Brasília. Nenhuma novidade na capital federal ser uma cidade muito burocrata, mas a recepção superou as expectativas e a feira foi excelente. Este sucesso também se deve ao Moisés, que estava lá para atender as pessoas e ser simpático enquanto eu me escondia embaixo da mesa. Meu estilo caótico de fazer feira terminando de recortar os carimbos que não consegui produzir antes não era de agora, mas foi uma das coisas que mudaram neste ano – na Motim de novembro, por exemplo, tudo já estava bem mais arrumado. Um viva às pequenas vitórias contra a autossabotagem o/
Junho sempre traz frio e o frio, além de ser um saco para a vida em geral, é também um obstáculo para confeccionar carimbos. O fotopolímero se comporta de maneiras estranhas e o tempo de exposição na máquina gravadora nem sempre é suficiente. Perdi muito material e alguns anos de expectativa de vida me estressando, mas passou. Teve mais pião em São Paulo e mais feira – participamos do Mercado do Bem na mais Madalena das Vilas.
Em julho, foi a vez de visitar o mais Camboriú dos Balneários e participar da Feira Surto. Mais um grande sucesso de público, de expositores e de comida (um sanduíche que experimentamos lá ainda povoa meus sonhos). Outro momento especial do mês foi a primeira oficina de carimbar, lá na Livraria Divertida. Capitaneada pela Ana, a livraria abriu em fevereiro e foi uma das boas parcerias de 2022, seja nas encomendas que deram origem a kits como o de Criaturas Mágicas, seja nas oficinas que foram, claro, divertidas demais.
Agosto teve um repeteco da oficina num evento em Itaiópolis. Foi também a primeira feira que fizemos em Itaiópolis – no evento da Caravana Cultural –, o que não deixa de ser um momento histórico. Como dividi a mesa com a Quinta da Nina (da minha talentosa irmã Marília), a Helena, minha sobrinha, fez para a gente esses cartões de visita absolutamente perfeitos:
Setembro foi um mês esquisito (sem elaborar demais, foi descompensado emocionalmente e também preferiria que não se repetisse). Como nem tudo são espinhos, no entanto, teve o início dessa newsletter e uma encomenda que foi muito legal de fazer, a maior até agora: duzentos e cinquenta (!) carimbos para a Editora Cobogó com vários dos símbolos que aparecem no livro Adinkra.
Em outubro, teve repeteco da oficina de carimbar monstros, pra celebrar o Halloween na Livraria Divertida. De lá, fui votar e gostei desta foto porque, além de mostrar a pequena oficineira talentosíssima, dá uma ideia de como estava a minha cabeça no período:
O começo de novembro foi de desdobrar a firma para participar de duas feiras na mesma data: enquanto eu estava em São Paulo no Pixel Show, o Cassio e a Adhara estavam tomando conta da nossa mesa na Mamute. Também voltei a Brasília para a edição da chuva da Motim. Além da feira que, mais uma vez, foi excelente, conheci um casal muito querido, a Mariana e o Raphael. Ambos são bibliotecários – ela, na Biblioteca Nacional; ele, no setor de obras raras da BCE/UnB. Eles me mostraram as coleções de ex libris e só não tirei mais foto de referência porque meu celular explodiria. Mas tinha muita, muita coisa bonita. Meu objetivo agora é fazer uns desenhos fera para colaborar com artes minhas na coleção.
Dezembro foi a loucura de Natal habitual e, antes do recesso, teve ainda uma participação especial no DiaTipo SP (não tinha nem roupa pra um evento com tanta gente talentosa reunida!). O mês terminou no meio do mato, sem sinal de celular e com muita carimbada de mosquitos. Sobrevivemos!
E para 2023? Por enquanto, plotar a frase “não me siga, também estou perdida” em algum lugar. Com sorte, seguir trabalhando e aumentar o número de pontos de venda dos carimbos. Com mais sorte ainda, viajar bastante pra fazer feiras e espalhar foda-ses pelo mundo. Com a sorte máxima, seguir escrevendo. Bora?
Feliz dois mil e vinte e três,
Um abraço da Marceli
Belo resumo de 2022, feliz por fazer parte dele (eu e minhas quianças)
Um 2023 cheio de saúde, muitas viagens e planos colocados em prática...